E mais uma vez, ela sentava na cama, observando a escuridão
de seu quarto, com o cérebro a mil. E repreendendo-se por pensar demais.
Desceu da cama e olhou no relógio, somente para confirmar o
que já suspeitava. Era madrugada, e seu sono tinha desaparecido.
Ela tinha medo da causa da insônia: Inspiração.
Criatividade. Anseio por expressar-se.
A escrita trazia uma expressividade que se ocultava de si
mesma. Mostrava o que ela não costumava expor. Expunha sua essência, seu âmago.
Seu ser subjetivo e explícito, juntos em textos. Mostrava seu ser emocional, o
modo como olhava o mundo com amor. Tanto amor que transbordava. E era mal
interpretado. E era abusado. E era explorado.
Espreguiçou-se, foi à cozinha beber um copo de água. Isso não
ajudou a acalmar a tempestade interior. Foi ao computador. E escreveu. Disse o
que sentia, o que nem sabia que estava sentindo, o que queria sentir. O que
tinha medo, o que não tinha, suas alegrias, suas tristezas. Houve a calmaria.
E, enquanto escrevia, enxergava mais além. Enxergava novas possibilidades,
novas definições de cada sentimento. Mais do que apenas ver o seu próprio
mundo, ela sentia-o. Palpável. Presente. Concreto. Sensível a ela como nada
antes foi.
E, na escrita, expressou-se. Redescobriu-se.
E, no meio da noite, ressurgiu das cinzas para uma nova
vida.
- Ana Beatriz V.
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